Pages

7 de novembro de 2011

É como diz Clarice Lispector

"Tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras, sou irritável e piro facilmente, também sou muito calma e perdôo logo, não esqueço nunca, mas há poucas coisas de que eu me lembre, sou paciente, mas profundamente colérica, como a maioria dos pacientes, as pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdôo de antemão, gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo, nunca esqueço uma ofensa, o que é uma verdade, mas como pode ser verdade, se as ofensas saem de minha cabeça como se nunca nela tivessem entrando? Tenho uma paz profunda, somente porque ela é profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo, se fosse alcançável por mim, eu não teria um minuto de paz, quanto a minha paz superficial, ela é uma alusão à verdadeira paz, outra coisa que esqueci é que há outra alusão em mim - a do mundo grande e aberto, apesar do meu ar duro, sou cheia de muito amor e é isso o que certamente me dá uma grandeza...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário